segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

Sunitas, Xiitas, Sectarismos, Chauvinismos e Proselitismos - Dicionário prático para o conflito no Médio Oriente

Hoje em dia somos sistematicamente bombardeados com termos cujo o entendimento imediato, pelo menos para a maioria, nos escapa.

O conflito alargado no médio oriente arrastanda-se indefinidamente pelo tempo e com ele surgem noticias diárias de atentados e virgens prometidas a jovens sectários (do latim sectariu, entenda-se: membro fanático e intolerante de uma determinada seita ou facção religiosa).

Este sectarismo (de sectário) é alimentado, com especial incidência depois da pressão dos Estados Unidos contra o programa nuclear iraniano, pelo conflito histórico de duas facções/leituras do Islamismo, os sunitas e os xiitas. Ao que parece as primeiras divergências remontam ao sec. VII quando sunitas e xiitas entram em desacordo relativamente ao sucessor do profeta Maomé. Desde então as diferenças na forma de "viver" o islamismo têm-se acentuado. Os sunitas consideram os xiitas infiéis e hipócritas.

Acontece que sunitas e xiitas encontram-se espalhados pelos paises muçulmanos do Médio Oriente e herdam da história o peso do conflito entre o Império Otomano (sunita) e o Império Safávida (xiita). Toda esta história de conflito originou divisões no território e na distribuição de sunitas e xiitas pelo Médio Oriente.

Iraque, Bahrein e Irão são paises maioritariamente xiitas, ao contrário da Arábia Saudita, Egipto e Libano, onde esta comunidade representa uma pequena minoria submetida ao chauvinismo (entenda-se: patriotismo exarcebado) dos restantes arábes.

Outro facto histórico relevante para compreender a actualidade do mundo árabe é a revolução islâmica ocorrida em 1979, no Irão, considerada por muitos um ressurgimento xiita. Actualmente o Irão tem vindo a ganhar expressão e está nas bocas do mundo pelo seu, esperemos, hipotético poderio nuclear. Refugiando-se num falso receio que esta ascensão conduza a um proselitismo (entenda-se: converter um povo a novas doutrinas, seitas ou religiões), os paises maioritariamente sunitas incenticam esta crispação com os xiitas.

Contudo, é possivel fazer uma leitura mais realista, mais actual à luz dos factos e que Hassan al-Saffar, teólogo xiita, sintetiza da seguintes forma: "Existe uma campanha contra os xiitas. Por que razão se está a fomentar todo este sentimento anti-xiita numa altura em que os estados Unidos estão a tentar pressionar o Itão devido às suas ambições nucleares?".

Também Hassan Nasrallah, inimigo declarado do estado de Israel e lider do Hezbollah, é xiita.

Será que toda esta instabilidade se deve a influência externa? Qual o interesse dos Estados Unidos e Israel neste conflito entre muçulmanos? Porque ficam Arábia Saudita, Egipto e Jordânia (aliados e parceiros económicos dos Estados Unidos) impávidos perante tanta instabilidade e conflituosidade?

Já diz o povo: "Dividir para conquistar".

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