segunda-feira, 22 de junho de 2009

Um olhar sobre as provas de aferição, os exames nacionais e coisas afins...

Tem sido recorrente encontrar na nossa comunicação social reportagens e comentários sobre a maior ou menor facilidade das provas nacionais, sejam elas de aferição ou de caracter sumativo. Parece-me que é estéril manter a discussão de uma matéria tão sensível num patamar tão redutor e, manifestamente insuficiente.
Pode-se discutir a utilidade das provas e a razão de ser das mesmas, mas a verdade é que elas existem e ano após ano os alunos do nosso pais são sujeitos à sua realização sob pena de verem o esforço de um ano reduzido a pouco. Mal ou bem, são nestas provas que os que ambicionam chegar ao ensino superior jogam cartada decisiva, nomeadamente nos exames que funcionam como específicas no acesso ao curso que desejam.
Independentemente do lado perverso que podemos encontrar na realização destas provas, a verdade é que a sua leitura, a sua análise pode trazer informações e dados interessantes sobre a realidade educativa do nosso pais. Mais do que uma análise estatística em que se avançam com as percentagens de alunos que obtiveram positiva ou negativa, ou a apresentação de médias com o intuito de promover os "rankings", este tipo de provas nacionais podem permitir uma análise curricular mais profunda, mais séria.
Desta forma, realizando uma análise qualitativa, verificando que conteúdos do curriculo ou dos programas são colocados em avaliação podemos retirar indicadores preciosos para uma análise da relação entre os objectivos estabelecidos e os resultados obtidos. É redutor associar resultados baixos a provas difíceis e resultados altos a provas fáceis.
O problema é que continuamos muito preocupados na mediatização da escola, na facilidade ou dificuldade das provas, no número de alunos que reprovam, nos "rankings"... A escola, felizmente é muito mais do que isso é enquanto não tivermos um olhar cuidado sobre os indicadores que estes instrumentos nos permitem retirar, continuaremos a cair no erro demagógico de não olhar para o cerne da questão, mas continuarmos com fait-divers que o circo montado em redor da escola nos vai dando.
A preocupação, a meu ver é verificar se as provas têm fidelidade e validade, ou seja, se os seus resultados estão sujeitos a variações externas e se as provas avaliam o que pretendem avaliar.
Só assim, saberemos se os resultados são representativos da realidade nacional, só assim, poderemos produzir conhecimento que nos permita melhorar a escola, só assim poderemos discutir de forma séria, só assim saberemos se se justifica ou não a existência destas figuras nacionais, só assim perceberemos que se a diferença é contemplada na tentativa de homogeneizar, só assim...

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