terça-feira, 13 de dezembro de 2005

Vamos a exame?

Nas deambulações que faço pelo jornal, lá vou encontrando matéria sobre o que escrever... No Publico de sábado li dois artigos que explicitamente falam contra a medida do Ministério da Educação em acabar com os exames nacionais de Português no 12º Ano. Aliás o Ministério decidiu reduzir drasticamente o número de exames nacionais!

Os artigos de João Cândido da Silva e de Aldina Silveira Lobo, são contra a redução do número dos mesmos.
Também a Fenprof veio a terreno dizer que a medida do Ministério não é a melhor...

Confesso que a reacção em torno desta decisão causou-me de algum modo surpresa, porque de facto os exames são actualmente uma forma de segregar milhares de estudantes.
Mais do que isso, o que me custou mais ler, foi a utilização do argumento que tal medida iria diminuir a exigência para com os alunos!

Eu pergunto: Será a existência de exames Nacionais que nos deve orientar para uma educação de exigência e excelência dos nossos alunos, ou ela deve ser acima de tudo uma bandeira do nosso ensino independentemente da forma como se mede?

Nos referidos artigos vai-se mesmo mais longe afirmando que com esta medida o Ministério não estará a cuidar devidamente do Português e como tal o número de iletrados e de jovens a falar e escrever mal no nosso país vai aumentar.

Parece-me a mim que se parte desde logo de uma perspectiva desajustada. Os exames estão longe de ser o motivo pelo qual devemos ser exigentes, os exames são uma tentativa fracassada de uniformizar processos e em limite facilitar a tarefa dos professores que se podem encostar sistematicamente sobre as bandeiras: "tenho um programa a cumprir" ou "tenho de preparar os alunos para exame".

No fundo o que acontecia é que os professores eram orientados para prepararem os seus alunos para uma prova que traduz o sucesso ou insucesso dos memos. Agora estão orientados para coisa nenhuma. Será que é isso que os assusta?

Com esta medida é necessário esperar para perceber quais as implicações e o que pretende a Sra. Ministra com tamanha revolução. Parece-me a mim que o caminho é este, mas ainda é necessário que se criem programas curriculares adequados a cada contexto, que os alunos com menos meios possam de alguma forma planear o seu percurso e com isso partir em igualdade de circunstâncias com os alunos a quem não falta nada...

A existência de uma espécie de Portfolio, onde o aluno apresenta as disciplinas que escolheu para o seu currículo em função de eventuais estudos ou curso técnicos que queira seguir.
Talvez a selecção nas Universidade e Institutos tivesse que ser mais caso a caso... São caminhos!

Medidas assim, ajustariam a resposta às necessidades do nosso país, impedindo que os jovens chegassem ao secundário com a convicção que estudar é difícil demais. TEMOS DE SABER ENVOLVER OS NOSSOS ALUNOS NA CONSTRUÇÃO DAS SUAS OPÇÕES!

Naturalmente que assim, os professores teriam um trabalho muito mais exigente e teriam de ser eles próprios a fazer os seus currículos, ai os manuais já não seriam suficientes (Se calhar é isso que temem...).
Os alunos são o motivo pelo qual existe escola, se não trabalharmos para melhorar as suas condições, eles vão continuar a deixar de ir.

A decisão de reduzir os exames não me parece desajustada, mas falta agora o resto, trabalhar no sentido de igualar as oportunidade para todos... os exames não trouxeram nunca uniformização, só mesmo naquilo que medem, porque quem mediam sempre estiveram distantes nas realidades e nas vontades...

A exigência no ensino não deve ser consequência de um produto que pretende medir o que os alunos decoraram para aquela dia em especial, mas sim de uma cultura de raiz que pretende produzir profissionais competente e capazes nas mais diversas áreas do saber/fazer!

Para reflexão:
Será que o fim dos exames nacionais no 12º Ano é assim tão má ideia?
Quais as consequências positivas e negativas que esta medida nos pode trazer?
Sendo necessário um critério de selecção de alunos, que critério sugerir?
Deveriam as Universidades/Institutos/Escolas Técnicas ser responsáveis pela selecção dos alunos, ponderando os diversos factores incluído o currículo do candidato?
Será que são os exames o que nos deve guiar para uma politica de exigência no ensino

1 comentário:

Anónimo disse...

Afinal porque é que a Ministra da Educação diminuiu o nº de exames? Ela explicou ou não?