sexta-feira, 20 de abril de 2007

"Portuguesices" e outras coisas mais

Recentemente, na livraria da Faculdade onde tive o previlégio de estudar na minha formação inicial e onde agora continuo a percorrer o caminho para me tornar, cada vez mais, "mais" e melhor profissional, encontrei um livro que logo me despertou curiosidade e vontade de ler.

Aproveitando o facto de, na altura, ir fazer uma viagem longa de comboio até à Guarda não hesitei em comprá-lo e levá-lo para uma leitura que esperava divertida. É verdade que não li tanto como desejava na viagem, debrucei-me antes sobre a actualidade do pais, que, invariavelmente, falava do já intitulado "caso sócrates". Li os signos, para ver a minha sorte no evento que se advinhava e só depois comecei a ler o tal livro que decidi comprar e levar comigo de viagem.

Belo prefácio escrito por Augusto Reis Machado, até então desconhecido, que faz uma bela e suculenta reflexão sobre o facto natural e o facto histórico. Enquadra a experiência como confirmação da suposição que passa a ser real quando experenciada e diz-nos ainda que como as experiências são variaveis, também são variaveis os seus produtos, ou seja, o conhecimento que da experiencia retiramos. Então, tudo isto confere ao conhecimento uma dimensão mutável e variavel. Deliciosa a descrição...

Mas tudo isto para nos explicar a especificidade do facto histórico e o porquê ser tão dificil dizer o que é verdade, o que é mentira e o que é fantasia quando de história falamos. O livro é, obviamente, sobre história... Mais precisamente sobre uma pedaço de história, sobre o século XVIII português e é escrito originalmente por um oficial britânico que naquele periodo esteve ao serviço de Portugal.

O que o livro tem de valioso, se formos capazes de olhar para a sociedade actual e brincarmos um pouco com os nossos "vicios" e "defeitos", é que mostra pelos olhos de um forasteiro a cultura portuguesa em traços que ainda hoje se reconhecem na forma como nos organizamos. É por vezes brutal a forma como são descritos alguns comportamentos, chega mesmo a ser insultuoso a forma como são escritos alguns traços do nosso povo, mas vale mesmo a pena...

Eu li-o e apreciei bastante o retrato social feito pelo oficial, não tanto por acreditar no que é descrito, mas por me identificar com alguma da sua história, por me fazer sentir português e, acima de tudo, fazer-me pensar e rir na nossa sociedade e nos nossso costumes... Por ser um olhar critico, um olhar visto de cá, por alguém que vem de fora...

O livro é de Arthur William Costigan e chama-se "RETRATOS DE PORTUGAL - Sociedade e costumes".

Sem comentários: