quinta-feira, 29 de maio de 2008

Agora a sério... É demais!

Tenho estado ausente do meu cantinho, por boas razões, muito trabalho...

Ando ausente da escrita, pelo menos aqui, no blog, mas todos os dias vejo, oiço e comento com os mais próximos as noticias deste nosso canto, cada vez mais isolado e distante do resto do continente.

Tenho sentido um desejo imenso, e gritar bem alto para os políticos destes pais, na sua casa, O PARLAMENTO:
- Eu tinha vergonha... Vocês não?

Não posso, não posso "condicionar de forma alguma o exercício dos políticos, sob pena de condicionar a sua liberdade de decisão". Não posso eu, mas podem os próprios políticos/administradores (aqueles que acumulam cargos administrativos em empresas com relações próximas com o estado, ou seja, bem português "toma lá, dá cá". Sabendo o que todos sabemos, ainda temos de ouvir, em declarações prestadas no parlamento, que a ética não se regulamente e por isso, fica ao critério de cada um avaliar o eventual conflito de interesses que dai pode advir. Sejamos honestos, quando um grande partido toma esta posição, fica mais ou menos claro o que se passa naqueles bastidores...

Mas partindo do principio apresentado pelo deputado que proferiu tão inspiradora declaração, façamos um exercício de reflexão.

Se imaginarmos dois grandes círculos, um o da ética, e o outro o do direito, percebemos que nas sociedades evoluídas, em princípios e valores, quanto maior é o primeiro, menor será o segundo. O direito regulamenta aquilo que é o "mínimo ético" para que todos consigamos viver em sociedade, respeitando a dignidade humana (respeito pela livre escolha do outro). Logo, se uma sociedade é éticamente evoluída, a necessidade de regulamentar tudo deixa de ser tão necessária. Seguramente, não é o caso da nossa classe política!

Por cá, prevalece o "porreirismo pá", em que a troca de cargos públicos por cargos privados e vice-versa se faz tão levianamente como trocamos de camisa ou roupa interior, ou seja, sem pestanejar. Então se sabemos que é assim, das duas uma, ou assumimos que não somos suficientemente éticamente evoluídos e regulamentos para de uma vez por todas acabar com dúvidas e especulações, ou assumimos que não temos vergonha na cara e, em vez de dizer, "a ética" não se regulamente, dizemos "nós por cá gostamos de tachos e se podermos continuar a encher-nos à custa de voces contribuintes, continuamos a fazê-lo". Sempre e com elevado sentido de estado e ético, está claro...

Agora a sério... Eu tinha vergonha, vocês não?