terça-feira, 1 de maio de 2007

As "chouriças" da avó Alice

Em meados do mês de Novembro conheci a avó Alice... Uma avó tipica do interior, com muitas histórias, malandrices e marcas visiveis do envelhecimento que já pesam, mas não muito.

Como boa transmontana que é, a avó Alice sabe de tudo um pouco relativamente aos saberes da "terra", aos saberes de quem lavrou a terra. Certo dia, já não me lembro a que propósito, começámos a falar de animais, de como se cuidam dos animais. Descobri então que também sabe de tudo um pouco sobre animais...

Dos animais à comida foi um pulo, desde os "milhos" até às "cascas", falámos de tudo (que bem que sabem os "milhos" e as "cascas").

Hoje em dia já não falamos de tudo, o tema das nossas conoversas é quase sempre em torno das alheiras e como fazê-las em terras de cá, aproventando a sua presença em Lisboa. Ao que parece o processo de preparação e "montagem" de uma alheira é vasto e complexo (como quase todos os processos). Fiquei a saber, entre outras coisas, que as alheiras em Trás-os-Montes são feitas com sebas (porco gordo pronto a ser sebado) e que se utilizam as parte do bucho (dificil explicar), courato e pescoço do já mencionado bicho, entre outras coisas.

A avó Alice não vira cara ao trabalho, mas oferece sempre algumas resistências à execução do meu plano para a manufactura das alheiras. A primeira prende-se com a seba, ou seja, onde é que eu arranjo um porco(a) sebado e pronto a utilizar para as alheiras. Disse-lhe que ia a um talho, mas parece que não é a mesma coisa. Mesmo tendo a seba, parece que continuavam a faltar as tripas para encher com o a carne da alheira. Disse-lhe que também ia a um talho. O próximo obstáculo, para além da seba e da tripa seria arranjar um enorme alguidar onde pudessemos fazer a mistura de todos os ingredientes e mais um espaço onde as pudessemos secar... Arranjei-lhe uma garagem (não a minha) e um braseiro (também de outra pessoa) para as secar... mas, mesmo assim, não a consegui convencer!

Ainda não desisti de fazer as ditas alheiras em Lisboa, mas já me consola o convite para as fazer por altura de Novembro/Dezembro em terras transmontanas, onde a avó Alice me ofereceu 15 dias de estadia para as fazer...

2 comentários:

Andreia disse...

se visses a matança do porco, como se fazem e com o que se fazem as alheiras, já não as comi-as... ai não, não... a avó alice bem mo diz, quando tu não estás a ouvir... (e a tua sogra também!) ehehhe!

Marta disse...

Bem sendo assim ou vais ao norte fazer alheiras ou vais ao talho e compras já feitas :) ou então pedes à avó Alice que te ensine a fazer outra receita - de preferência sem carne ou peixe, para dares a provar à tua mais que tudo!